Saturday, April 9, 2011

Semana 5 - Análise e Gerenciamento de Riscos Ambientais



O trabalho apresentado faz parte do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado pela PANGEA Soluções ambientais, visando o licenciamento de um Teste de Longa Duração (TLD) proposto pela Petrobras. O capítulo aborda a Análise e Gerenciamento de Riscos Ambientais para o TLD na área do poço 1-RJS-504 no Campo de Espadarte, na Bacia de Campos, localizado cerca de 140 km da costa do município de Macaé (RJ). O TLD propõe como Unidade de Produção o FPSO (Floating, Production, Storage na Offloading) Seillean, que se trata de uma unidade estacionária flutuante com capacidade de produzir e armazenar o petróleo produzido. A vantagem de se fazer o teste com esta unidade é que ela possui um sistema de posicionamento dinâmico, simplificando o processo de instalação da unidade. O poço 7-ESP-42HP-RJS, escolhido para realização do TLD, está localizado em lâmina d’água de 1.308m e será interligado à Unidade de produção através de uma tubulação denominada Drill Pipe Riser de 6 5/8”, conectada a ANM (Árvore de Natal Molhada) a ser instalada na cabeça do poço, permitindo a flexibilidade no posicionamento e no acesso ao poço. Estes procedimentos foram propostos para o TLD, em um período de 7 meses, tendo como objetivo obter informações que irão subsidiar os estudos de viabilidade técnica e econômica da implantação de um sistema de produção definitivo. A Unidade de Produção terá uma capacidade de tratamento e processamento de cerca de 20.000 bpd de óleo (3.200 m3/d). O óleo processado será medido, armazenado nos tanques e transferido para navios aliviadores de posicionamento dinâmico. O gás associado será comprimido, desidratado e primeiramente utilizado para geração de energia da unidade, sendo o excedente enviado para o flare.
O documento buscou enfocar os aspectos ambientais, dentro da área de influência do empreendimento, que pode sofrer danos decorrentes da atividade de instalação e operação da embarcação. Além de apresentar a descrição de todo o processo de instalação, produção, descrição da unidade, faz também a descrição do inventário das medidas de segurança, no qual informa que o FPSO e as instalações submarinas foram projetados e construídos a partir de rígidos critérios de segurança de forma a atender aos requisitos de diferentes organismos internacionais e nacionais citando os dispositivos de segurança, prevenção e combate a situações de emergência.
Em seguida foi feita a análise histórica de acidentes, no qual se buscou obter maiores informações sobre vazamentos de óleo e gás em instalações offshore, por meio de consulta a bancos de dados internacionais, pesquisa junto à resseguradoras, publicações técnicas e registros de acidentes da Petrobras. É apresentado um quadro resumo dos Relatórios de Ocorrência de Acidentes (ROA) fornecido pela Petrobrás relacionado a navios tanques de sua frota. Também são descritos quatro (04) acidentes que envolvem unidades do tipo FPSO e descrevem resumidamente sete (07) acidentes de diferentes tipos de unidades. Por fim é apresentado um quadro com os dados relativos a acidentes com unidades do tipo FPSO e FSO de produção da Petrobras, e alguns estudos de caso baseados em informações coletadas nas mídias impressa e eletrônica.
A metodologia utilizada para o processo de análise de riscos foi fundamentada no estudo da descrição da operação que compreende a instalação e operação do FPSO Seillean para a realização do TLD. Foi utilizada uma das técnicas usualmente empregadas denominada Análise Preliminar de Perigos – APP adotada pelo American Institute of Chemical Engineers (AIChE), no qual é elaborada uma planilha, identificando para cada subsistema, as Hipóteses Acidentais (HAs), suas causas e efeitos. Cada HA é definida como um conjunto formado pelo perigo identificado, por suas causas, e todos os efeitos físicos possíveis respectivamente decorrentes.
Para classificação dos riscos ao meio ambiente associados às hipóteses acidentais identificadas nas planilhas da APP, utilizou-se o critério de categorias de probabilidade, severidade e riscos usuais (AR, MR e BR). Com objetivo de facilitar o estudo, cada sistema foi divido em trechos distintos e estudados separadamente. Avaliaram-se as fases de instalação e produção, considerando as atividades pertinentes à linha de produção, ao FPSO Seillean e a linha de exportação de óleo para o navio aliviador. Em seguida apresentou a Matriz de Riscos Originais das Atividades do TLD e Análise e Avaliação dos Eventos identificados nas fases de instalação e produção. Os resultados obtidos na APP indicaram que, das 57 HA identificadas (4 para instalação e 53 para produção) 2 foram classificadas como riscos originais considerados Riscos Altos (AR) e 29 como Riscos Moderados(RM). Por último mostraram que os riscos originais identificados e analisados tendem a ser minorados pela adoção das medidas mitigadoras recomendadas, resultando em Riscos Residuais cuja severidade e freqüência associadas resultam em novas classes de Riscos. Para as atividades de instalação é apresentado um novo quadro, no qual classifica novamente os riscos, para cada uma das Hipóteses Acidentais(HÁ) identificadas, porém não alterou a classificação final dos riscos, pois todas as HÁ’s foram originariamente classificadas como de Baixo Risco (BR). Já para as atividades de produção houve certas mudanças na classificação final dos riscos, no qual 18 das 29 HÁ’s classificadas originalmente como Risco Moderado (RM), tiveram suas classes de risco alteradas para Baixo Risco (BR), o que demonstra a importância da implementação das medidas previstas. Em função da nova combinação de freqüência e severidade observou-se que os Altos Riscos estão representados por apenas 1(uma) hipótese acidental (1,9%), 11 (20,7%) foram classificados como Risco Moderado (RM) e 41 (77,4%) receberam a classificação de Baixo Risco (BR).
A conclusão foi que a aplicação das técnicas de avaliação de riscos permitiu identificar e caracterizar os riscos mais significativos, respeitando-se as características reais da instalação. Os resultados permitem que sejam identificadas medidas para a redução da freqüência de ocorrência de eventos iniciadores de acidentes, ou para a redução da magnitude das conseqüências destes. Mencionam que atualmente a tecnologia contribui para o controle ambiental aliadas aos procedimentos específicos de navegação, aproximação e permanência de embarcações, refletindo diretamente sobre o gerenciamento de riscos das atividades do FPSO Seillean na execução do TLD.
Por último abordaram o processo de Gerenciamento dos Riscos Ambientais que visa à ação planejada para o combate às eventuais situações de emergência consideradas como significativas a partir da Análise de Riscos. Este planejamento engloba não só a identificação das medidas e ações, como incorpora a locação e verificação dos recursos necessários, treinamentos específicos e auditorias de todo o processo. É apresentado um plano de gerenciamento que contemplam todas as medidas preventivas e mitigadoras apresentadas na planilha da APP necessárias para reduzir os riscos a uma categoria imediatamente abaixo.
Este trabalho contribuiu para visualizarmos passo a passo a aplicação de técnicas de avaliação de riscos que até então, nos textos anteriores, tínhamos somente a teoria. Foi possível verificar a importância da Análise dos riscos como um instrumento, no qual investiga e pontua as possíveis falhas e causas propondo medidas preventivas e mitigadoras para redução dos riscos de ocorrência de acidentes e para o EIA necessário no licenciamento de empreendimentos. Não farei críticas quando ao diagnóstico e critérios realizados, para tanto sugiro a leitura do EIA, do qual este capítulo faz parte.

5 comments:

  1. Neide, você conseguiu de maneira excelente sintetizar o trabalho. De fato, o trablho apresenta de modo consistente todo um processo, em seus detalhes, permitindo ter uma amostra clara da aplicação de técnicas de avaliação de riscos, ressaltando inclusive sua importância e aplicabilidade, bem cono a possibilidade de evitar ou minizar sérios riscos.

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  2. Parabéns, Neide, pela resenha!
    Quero chamar a atenção para 3 questões:
    1. Depois de uma série de acidentes graves, a Petrobrás estabeleceu normas rígidas de Gerenciamento de Risco Ambiental, sendo este TLD-II.8 um exemplo, o que levou à diminuição de acidentes com plataformas de produção de petróleo.
    2. Muito estranha a omissão, neste relatório, do número de mortos e feridos no acidente com a P-36. Quem o lê pode deduzir que houve apenas danos ambientais naquele acidente: será que vidas humanas são desprezíveis numa análise histórica?
    3. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), do qual faz parte esta análise de riscos, foi terceirizado pela Petrobras, elaborado pela PANGEA Soluções ambientais. Há várias críticas sobre a terceirização de serviços pela Petrobras, porque isto tem levado às áreas de manutenção e instalação técnicos cada vez menos experientes, qualificados e capacitados. Isto, no final das contas, acaba se tornando também um risco, embora não vá aparecer em uma análise de risco. A maioria dos acidentes na Petrobras, de acordo com Maurício França Rubem, da Universidade do Paraná, ocorre com terceirizados. Não disponho de dados atualizados, mas em 2001 havia cerca de 100 mil terceirizados contra 34 mil funcionários próprios.

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  3. Achei que o texto da Petrobras contribuiu para aprofundar nossos conhecimentos nos estudos de gerenciamento de risco ambiental, tendo complementado a leitura dos trabalhos trazidos anteriormente. Só discordo da opinião da Neide, exposta no último parágrafo da resenha, onde ela afirma que os textos anteriores trouxeram apenas teoria. Os artigos de Mendes e Poffo também abordaram aspectos práticos do gerenciamento de risco, só que de forma menos detalhada que a apresentada pela Petrobrás.

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  4. Fazendo um resumo até agora do que foi exposto, verifico que temos até o momento vários tipos de documentos que descrevem processos de ARA e GRA: uma dissertação de mestrado, uma norma técnica, dois artigos de congresso, um ERA/PGRA. Assim, podemos ter uma idéia dos diferentes meios de comunicar os riscos: uma forma critica e academica, outra forma tecnica, depois em rápidas apresentações tecno-academicas, e finalmente em formato de relatorios tecnicos para licenciamento ambiental. Fechamos o ciclo de posíveis formas de estudar o risco ambiental? Qual é o caminho percorrido do entendimento do risco ambiental? Será que todas as incertezas na operação perigosa da extração de petróleo já são conhecidas a ponto de se permitir que novos poços em águas subterraneas sejam construídos?

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  5. O relatório da Petrobras trouxe uma nova visão, mais prática, de como aplicar a avaliação de risco para uma atividade. Com certeza servirá de bibliografica para o desenvolvimento de outros trabalhos.
    Acredito que não foi possível contemplar todos os perigos, pelo menos, nota-se um esforço para prevenir as atividades perigosas, ou ao menos, mitigar os impactos dessa atividade.

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