Thursday, September 15, 2011

Risco a saude devido a seca

Brasiliense lota hospitais e consumo de água é recorde

14/09/2011

Antonio Temóteo

A forte onda de calor e a baixa umidade registradas no Distrito Federal nos últimos três meses representaram um aumento significativo no consumo de água nas casas dos brasilienses. A Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) também verificou gastos recordes nos últimos dias. O sistema local da empresa tem a capacidade de oferecer até 8,5 mil litros por segundo e, pela primeira vez, recebeu uma demanda de 8,4 mil litros, 98,8% de toda produção. Apesar do uso excessivo, a companhia desconsidera a possibilidade de racionamento ou falta de água.

O diretor de Operação e Manutenção da Caesb, Acylino José dos Santos, explica que a demanda média anual de água no DF é de 7,5 mil litros por segundo. Segundo Santos, o período de seca, que já dura 97 dias, tem sido responsável pelo aumento no consumo e, por isso, é necessário que a população evite desperdiçar água. O diretor detalhou que regiões abastecidas por poços artesianos têm sido afetadas com a falta de recursos hídricos, mas esses problemas são pontuais e supridos com caminhões pipa. “Essa situação chamou a atenção da Caesb. Pedimos aos brasilienses que tenham um consumo mais moderado. Para isso, é necessário evitar desperdícios, como lavagem de carro, molhar telhado e tomar banhos demorados. A atitude é preventiva, de alerta e não de alarde”, acrescentou.

A seca também tem afetado as principais fontes de abastecimento do DF. O Rio Descoberto, responsável por 70% dos recursos hídricos que chegam às casas dos brasilienses, está três metros abaixo do nível normal. Apesar da queda, Santos avalia que não há diminuição nos níveis de produção e a bacia de Santa Maria, dentro do Parque Nacional, fonte de outros 15% da água produzida pela Caesb, está em pleno funcionamento.

De acordo com Santos, serão implantados novos sistemas de produção de água no Lago Paranoá, na sub-bacia do Bananal, e em Corumbá 4, este construído em parceria com a Saneago, empresa de saneamento de Goiás. Anunciado em 2009, o projeto de explorar o Lago Paranoá terá recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, e custará R$ 350 milhões. A previsão é de que o sistema esteja pronto até 2015 e atinja a produção de 3,8 m³ (3.800 litros) por segundo até 2025.

A adaptação da Barragem de Corumbá 4 para o abastecimento de água está orçada em R$ 290 milhões, valor que será repartido entre DF e Goiás. A perspectiva é de que a unidade contribua com um volume de 2,8m³ por segundo e esteja em funcionamento até o fim de 2013. A unidade do Bananal, localizada na região do Lago Norte, tem capacidade menor — de 750 litros de água por segundo — e é avaliada pela Caesb como uma ferramenta para folgar a medida entre oferta e procura. O sistema deve entrar em produção no início de 2012.

Hábitos
Na avaliação de Paulo Sérgio Salles, ecólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB), a escassez de água no DF é um problema crônico e alertado por especialistas há anos. Segundo Salles, as alternativas para a falta de recursos hídricos são poucas e dependem da mudança de costumes da população. “Todos precisam se preocupar em não poluir e preservar as bacias. Essa mentalidade precisa ser absorvida pela população e pelos setores produtivos. Atualmente, as crianças são sensibilizadas na escola e esse processo tem de continuar”, destacou. O professor também ressaltou que 70% da água utilizada no DF está diretamente ligada a atividades produtivas, principalmente para irrigação. Apesar disso, ele pondera que novos mecanismos para reduzir o consumo têm sido adotados por produtores rurais.

Cuidados
Apesar dos elevados níveis de consumo nos últimos meses, os brasilienses também têm tomado cuidado para não desperdiçar água. A aposentada Aparecida Azevedo, 55 anos, reaproveita toda a água que usa na lavagem de roupas para limpar a garagem e molhar parte das plantas da casa em que mora no Cruzeiro. Para isso, ela armazena todo o líquido em um galão de 100 litros. Além disso, Aparecida utiliza equipamentos que liberam o vapor da água a fim de lavar o piso. “Passei 30 dias sem usar a máquina porque sei que preciso economizar. Minha casa tem 11 cômodos e pago à Caesb R$ 85 por mês. Minha faxineira quer pedir demissão porque regulo o consumo”, contou.

O servidor público Rodrigo Gonçalves Virgínio, 35 anos, também se preocupa até na hora de lavar o carro. Morador do Cruzeiro, Virgínio usa uma bomba elétrica, baldes e panos para evitar o desperdício. “Não deixo a torneira aberta e enxáguo o carro apenas depois de ensaboar todas as partes. Aqui em casa todos têm a preocupação em reduzir o consumo, até porque pagamos uma taxa todo mês.”

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