Friday, September 24, 2010

Avaliação de risco e extração / produção de petróleo

Quando se deseja testar a aplicação prática de um determinado experimento, existem dois tipos de testes que podem ser usados para tal. O primeiro deles é o teste de bancada realizado em laboratório e o segundo deles é o teste piloto, realizado em campo muitas vezes no próprio local onde se planeja desenvolver o experimento de forma definitiva. Um exemplo de teste piloto foi o que a Petrobrás realizou ao perfurar um poço para a realização do chamado TLD (teste de longa duração) por um período de sete meses, com a intenção de avaliar a viabilidade técnica e econômica da implantação de sistema de produção definitivo.

Mesmo se tratando da perfuração de um único poço essa atividade traz grande potencial de degradação ambiental e por isso segundo o artigo 225 da Constituição Federal de 1988 e a Resolução CONAMA N.º 001/86 precisa apresentar um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) a fim de conseguir a aprovação legal e dar andamento ao teste.

Assim foi feito e no capítulo 8 do EIA1 apresentada a análise de riscos ambientais para o projeto e também o seu plano de gerenciamento de tais riscos. De modo resumido todas a etapas realizadas até se chegar ao plano de gerenciamento de riscos ambientais (PGR) da PETROBRAS para este TLD foram:

  1. Escolha do método para identificação e avaliação de perigos.
  2. Breve descrição do projeto, sua etapa de instalação e operação.
  3. Inventário de todas as medidas de segurança necessárias para as fases de instalação e operação.
  4. Análise histórica de acidentes envolvendo plataformas de extração de petróleo a deriva.
  5. Identificação dos riscos, categorias de severidade de danos e probabilidade de ocorrência.
  6. Construção da planilha de APP.
  7. Plano de gerenciamento de riscos ambientais

O método utilizado para a identificação dos perigos inerentes ao projeto foi a chamada Análise Preliminar de Perigos - APP. Esta metodologia é baseada na construção de uma Matriz Qualitativa de Riscos cujos eixos apresentam categorias de freqüências e categorias de severidade, de modo a hierarquizar os riscos relativos aos cenários identificados.

Os resultados desta matriz permitiram a identificação e classificação dos cenários (ao todo foram identificados 57 possíveis hipóteses acidentais) em baixo risco, risco moderado e alto risco. Após a identificação e classificação das hipóteses acidentais estuda-se o impacto que as medidas e programas de segurança da PETROBRAS exercem sobre os riscos originais. A partir deste ponto uma nova matriz é gerada com os resultados finais obtidos.

Exemplificando com os dados do projeto em si, inicialmente os 57 casos foram identificados e distribuídos da seguinte maneira: 26 casos de baixo risco, 29 de risco moderado e 2 de alto risco. Após a aplicação das medidas de segurança o resultado passa a ser: 45 casos de baixo risco, 11 de risco moderado e 1 de alto risco.

Neste ponto entra em ação o PGR para garantir o pleno funcionamento da plataforma de extração e reduzir ao máximo a ocorrência de qualquer uma das hipóteses acidentais, bem como garantir que todos os equipamentos e funcionários estejam aptos a reagir caso algum acidente venha a acontecer.

Sendo empresa de porte internacional a PETROBRAS deve se preocupar em respeitar todas as normas ambientais vigentes no país e também seguir os parâmetros estabelecidos a fim de adquirir as certificações necessárias para atingir o mercado internacional. É interessante ao analisar as diretrizes2 propostas pela PETROBRAS como a estrutura da empresa, a forma como ela aborda seus funcionários e também como se apresenta ao público muda quando passa a seguir padrões necessários para certificações. Isso se reflete principalmente nos cuidados a saúde de seus funcionários e aos cuidados com o meio ambiente, mostrando mais uma vez que é possível aliar desenvolvimento e preservação ambiental.

1-http://siscom.ibama.gov.br/licenciamento_ambiental/Petroleo/TLD%20-%20Espadarte/

2-http://www2.petrobras.com.br/portal/frame.asp?pagina=/meio_ambiente/portugues/diretrizes/index.htm&lang=pt&area=meioambiente

6 comments:

  1. A Petrobras, como a maior empresa do Brasil e oitava do mundo em valor de mercado com atuação em 28 países, não chegou nessa posição sem ter seus méritos.
    O estudo em questão mostra a grandiosidade do empreendimento e a seriedade com que é feito.
    Nesse estudo aprendi muitos conceitos teóricos que servirão para todo o curso, além de uma imensa lista de leis relativas à nossa matéria que vai nos servir de consulta.
    Concordo com o Daniel sobre a possibilidade de existir desenvolvimento aliado à preservação ambiental.
    Aliás, acho que outra forma de desenvolvimento que não a aliada à preservação nem deveria ser considerada, nem pela população mundial nem pelos governantes desse nosso Planeta Terra.

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  2. Acredito que o trabalho que o Daniel analisou e bem, é muito interessante e de qualidade com era de se esperar considerando que foi feito pela Petrobrás.

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  3. A análise e gerenciamento de riscos talvez seja a única opção para quando uma empresa do ramo petrolífero decide fazer um teste para saber se um determinado poço é viável economicamente, como é caso do teste feito pela Petrobras no poço 1-RJS-504 no Campo de Espadarte, na Bacia de Campos. No entanto, embora o Brasil precise do petróleo para tocar sua economia, em tempos de aquecimento global e de acidentes como da British Petroleum no Golfo do México, essas demandas devem ser repensadas.

    No caso dos impactos do uso de combustíveis fósseis sobre o aquecimento global é notório e sabemos que temos de mudar nossa matriz energética, porém sobre os riscos ambientais da extração de poço de petróleo em águas profundas, o acidente do Golfo do México se tornou paradigmático para a Petrobras. Mesmo que ela seja uma das empresas com a tecnologia mais avançada para esse tipo de operação, não há análise nem gerenciamento de risco que possa mensurar os reais perigos de se fazer algo em águas tão profundas quando se tem em vista a camada do pré-sal.

    Por fim, certamente não podemos impedir que esse tipo de atividade aconteça, por isso a análise e gerenciamento de risco para tal empreendimento devem ser aprimorados à exaustão, pois nada que está posto para os riscos atuais pode servir para as futuras investidas na extração de petróleo na camada do pré-sal.

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  4. Postado por Hudson Rocha.

    As empresas do setor de petróleo devem ser sensíveis às questões que envolvem as temáticas de sustentabilidade, responsabilidade social e preservação do meio ambiente, em função das próprias características, extensão e importância social de seu negócio. Por esse motivo, devem ter consciência dos impactos potenciais de suas atividades no meio e devem contribuir de forma eficaz para a preservação e recuperação do meio ambiente.

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  5. O presente estudo de Análise de Riscos Ambientais identifica e avalia qualitativamente os perigos, as potenciais conseqüências no meio ambiente e os riscos decorrentes da implantação do empreendimento que compreende as atividades de instalação das plataformas de produção de petróleo.
    A metodologia empregada para identificação e avaliação dos riscos ambientais utilizou a Análise Histórica de Acidentes em plataformas e linhas submarinas e da Análise Preliminar de Risco – APR. Esta metodologia permite obter um diagnóstico qualitativo dos possíveis desvios operacionais que possam ocasionar danos ao meio ambiente.
    Os limites de cada sistema ou subsistema definido no estudo. As informações obtidas foram tratadas e analisadas sistematicamente, permitindo o desenvolvimento de um estudo para a identificação e caracterização dos perigos e construção dos cenários de acidentes para cada fase operacional do empreendimento. Os resultados da APP foram apresentados na forma de planilha para permitir uma análise da identificação dos riscos, potenciais conseqüências e medidas de mitigação para cada sistema e subsistema de forma a facilitar a análise das informações para a Gestão do Risco.
    Após o desenvolvimento da Análise Preliminar de Perigo foi elaborado o Plano de Gerenciamento de Riscos. Este estudo, onde são apresentados os procedimentos e as medidas mitigadoras, objetivando reduzir os riscos ambientais para aumentar a confiabilidade operacional das atividades de produção e escoamento de óleo e gás natural do Campo de Siri, Bacia Potiguar.
    O método utilizado para a identificação dos perigos inerentes ao projeto foi a chamada Análise Preliminar de Perigos - APP. Foram identificados 57 possíveis hipóteses acidentais classificados em baixo risco, risco moderado e alto risco. Dos 57 casos identificados, 26 casos de baixo risco, 29 de risco moderado e 2 de alto risco.

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  6. O bom planejamento e a gestão de uma empresa depende da interação de seus colaboradores com as políticas institucionalizadas. A Petrobras, enquanto empresa de sucesso, aplica todos esses preceitos da Administração e sua aplicabilidade tem produzido bons frutos. O PGR é a prova mais contundente da seriedade, inovação e compromisso com a sociedade brasileira.

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