Monday, March 8, 2010

Raios: uma ameaça constante

Helena Adorni Mazzotti e Alessandra da Costa Lunas



A existência do planeta como é conhecido hoje se deve aos muitos relâmpagos existentes há quatro bilhões de ano, pois estes foram os grandes responsáveis pela quebra dos gases primordiais e formação dos aminoácidos, princípio da vida na Terra (SuperInteressante, Ed 030, março de 1990).
Para entender os relâmpagos, é necessário entender a formação de uma nuvem que origina estes relâmpagos. Segundo Zavisa (HowStuffsWorks; 2010) as nuvens, geralmente a Cumulonimbus, possuem carga positiva em sua parte superior e negativa em sua parte inferior, são dielétricas e portanto, formam um campo elétrico cuja intensidade aumenta conforme as atividades das moléculas de água na nuvem aumentam. Com o aumento dessas atividades ocorre uma quebra da rigidez do ar, acabando com o isolamento dielétrico existente e produzindo descargas elétricas atmosféricas conhecidas como raios, os quais emitem um barulho (trovão) e uma luz com grande calor (relâmpagos) que dura cerca de meio segundo e propaga 5 a 10 Km (INPE – Grupo de Eletricidade Atmosférica). Os relâmpagos podem ser na nuvem, quando são dissipados apenas na atmosfera, e no solo, quando tem a trajetória incluindo o solo, sendo que apesar de 70% dos relâmpagos serem de nuvens, os mais conhecidos são os nuvem-solo, devido sua periculosidade (INPE – Grupo de Eletricidade Atmosférica).
Apesar dos relâmpagos terem sido essenciais na origem dos compostos orgânicos e na vida no planeta, a corrente elétrica de apenas um relâmpago é capaz de matar uma pessoa no instante que entra em contato com o seu corpo. Entre 2000 e 2009 morreram 1321 pessoas no Brasil, a cada três dias uma pessoa morre devido a uma descarga elétrica atmosférica (VEJA, 10 fev 2010). Ainda segundo a VEJA, no Brasil caem 57 milhões de raios por ano e das pessoas atingidas, 19% encontravam-se trabalhando no campo, 14% dentro de casa, 14% perto de veículos, 12% embaixo de árvores, 10% em campos de futebol, o restante estavam em outros locais.
Um exemplo de como os relâmpagos são atraídos por locais altos, é a esta foto do momento em que o relâmpago atinge o Burj Dubai, um prédio de 818 m de altura e 160 andares, em Dubai – Emirados Arábes (vide foto)
Levantamento feito pelo ELAT para a última década, reunindo informações de diversas fontes, entre elas o Departamento de Informações e Análise Epidemiológica do Ministério da Saúde, Defesa Civil, veículos de imprensa e ainda dados de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra onde morrem mais pessoas por raios (em que estados, municípios) e em que época do ano. Também são analisadas as circunstâncias mais comuns envolvidas nas mortes, a idade e sexo das pessoas, assim como as variações regionais da probabilidade anual de ser atingido por um raio. O estudo revela dados interessantes e surpreendentes. As mortes por ano sofreram variações significativas na última década. Os valores máximos ocorreram em 2001 e 2008, ambos os anos associados ao fenômeno La Niña. Os municípios que lideram o ranking de mortes por raios no Brasil são Manaus, seguido por São Paulo, Campo Grande, Rio de Janeiro e Brasília. A incidência média de raios por ano no Brasil na última década foi de cerca de 57 milhões. O estado do Amazonas registrou o valor máximo de cerca de incidência 11 milhões de raios por ano. O estado de São Paulo registrou 2,3 milhões de raios por ano.

Conseqüências


O informativo nº 75 do ELAT afirma que os valores máximos de mortes por raios no Brasil ocorreram em 2001 e 2008, anos que também estão associado ao fenômeno La Niña. Este instituto divulgou também o ranking dos municípios do Centro- Sul com maior densidade de raios, sendo que os três primeiros no biênio de 2007-2008 são do estado de São Paulo, na seguinte ordem: Garulhos, São Caetano do Sul e Mairiporã.
Segundo Benseñor, I. e Lotufo, P. (http://ciencia.hsw.uol.com.br/acidentes-com-raios-no-brasil.htm) os danos causados pelos raios as pessoas podem ser devido a voltagem do relâmpago, que pode chegar a dois bilhões de volts, ou mesmo pelo impacto do raio, ocorre uma parada cardio-respiratória e contrações musculares.
Não há dados sobre morte de animais por raios, no entanto, segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica do INPE relata que possivelmente milhares de animais morram anualmente em decorrência das correntes elétricas que chegam até os mesmos do solo pelas patas.
As árvores são pontos geralmente mais altos e possuem em seu interior a seiva que é melhor condutor que o ar, portanto, são usualmente atingidas e podem sofrer destruição parcial ou total, dependendo da localização de sua umidade (ELAT – INPE). Sabe-se que na região de Cerrado, muitos incêndios são provocados pelos relâmpagos que atingem árvores secas e, com isso, a latência de algumas sementes é finalizada permitindo que a região seja revegetada. Além disso, quando o raio entre em contato com solos compostos de areia, o aquecimento destes produz formas de vidro denominadas fulguritos (ELAT – INPE).
Os danos materiais também são intensos, o Jornal Meio Norte de Teresina - PI (05/09/2009) divulgou que a cada descarga elétrica gasta-se R$ 10,00 para reparar os danos das empresas de energia, o que anualmente dá um valor de 600 milhões de reais, enquanto as empresas de telecomunicações chegam a gastar cerca de 100 milhões de reais por ano para reparar os danos.
Concomitantemente a este fato, outras perdas também são ocasionadas, como morte de gado, atribuída pela tensão de passo (diferença de potencial entre as patas do animal no instante em que ocorre a dispersão da corrente elétrica no solo). Em agosto de 2009 (Zero Hora, 18 ago 2009) 21 vacas foram mortas devido à descarga elétrica de um raio na fazenda em que se encontrava, o prejuízo calculado é de 70 mil reais.

Precauções

Apesar de existirem alguns mitos em torno dos raios, como suas ligações com os deuses, alguns mitos propagados por nossas avós são explicados pela ciência. Caso esteja na rua durante uma tempestade, não é prudente se esconder embaixo de árvores, pois estas geralmente são os pontos mais altos. Em uma entrevista à revista VEJA, o pesquisador Pinto Junior afirma que o local mais seguro para ficar durante uma tempestade com raios é dentro de um carro fechado, devido ao fato que a corrente elétrica não penetra no seu interior, mas fica circulando pelo lado externo do carro, este efeito é chamado de “gaiola de Faraday”.
O uso de para-raios é comum para proteção de edifícios e casas, sendo que a função desse tipo de proteção é neutralizar as cargas elétricas dissipando as mesmas para a terra e fazer um caminho preferencial para as descargas a fim de minimizar as perdas nas estruturas (BOHN, A. R., UFSC).


FONTES:
SuperInteressante
http://origin.super.abril.com.br/ciencia/relampago-show-ceu-terra-439349.shtml

Ciência Hoje
http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/revista-ch-2005/217/ensaio-os-misterios-dos-relampagos

http://www.fisica.ufc.br/lfnm/relampagos/Elat_pf_data/Relampagos_p.html

How stuffs works – John Zavisa
http://ciencia.hsw.uol.com.br/relampago2.htm

Sousa, Rogério.
http://www.ufpa.br/ccen/fisica/aplicada/formac.htm

http://ciencia.hsw.uol.com.br/acidentes-com-raios-no-brasil.htm
Isabela Benseñor e Paulo Lotufo

Jornal de Teresina - Meio Norte
http://www.meionorte.com/josefortes,teresina-a-cidade-brasileira-que-mais-recebe-descargas-eletricas,98791.html


ELAT – INPE
http://www.inpe.br/webelat/homepage/

ZERO HORA
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2621665.xml&template=3898.dwt&edition=12937§ion=1003

4 comments:

  1. Brasília é a quarta cidade com mais mortes decorrentes de descargas elétricas
    Thaís Paranhos

    Publicação: 14/03/2010 08:30

    O Centro-Oeste apresenta, entre as regiões brasileiras, a maior probabilidade de uma pessoa ser atingida por um raio: 22 chances em 1 milhão. Esse dado, verificado em levantamento produzido pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), leva em consideração o tipo de vida da população (se vive mais no campo ou na cidade), o número de habitantes e a incidência de raios na área. Já em relação ao número de mortes por causa das descargas elétricas, entre todas as cidades do Brasil, Brasília ocupa o quarto lugar no ranking. Foram sete casos entre 2000 e 2009. Em todo o Distrito Federal, foram registradas nove mortes nesse período. As outras duas ocorreram em Ceilândia e no Gama. No Centro-Oeste, 252 pessoas perderam a vida depois de serem atingidas por um raio.

    Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/03/14/cidades,i=179553/BRASILIA+E+A+QUARTA+CIDADE+COM+MAIS+MORTES+DECORRENTES+DE+DESCARGAS+ELETRICAS.shtml

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  2. Continuação:

    De acordo com o estudo, a chance de um homem perder a vida por causa do fenômeno é 10 vezes maior do que mulher. “Os homens são maioria na agricultura e na construção civil. Eles estão mais expostos”, afirma o coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior. De acordo com os pesquisadores, quem trabalha na zona rural também tem 10 vezes mais chance de ser atingido por uma descarga elétrica em relação aos que vivem na cidade.

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  3. continuação:

    Nos dois primeiros meses de 2009, foram registrados 1.969 raios em todo o DF. No mesmo período deste ano, houve 794 descargas elétricas. Segundo o coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior, os raios costumam ser mais frequentes no verão e na primavera porque a formação está diretamente ligada ao aumento da temperatura e da umidade.

    Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/03/14/cidades,i=179553/BRASILIA+E+A+QUARTA+CIDADE+COM+MAIS+MORTES+DECORRENTES+DE+DESCARGAS+ELETRICAS.shtml

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  4. Cemig alerta para a ocorrência de raios em Minas
    Publicação: 10/03/2010 17:52

    Segundo a Cemig, Minas Gerais é um dos estados com maior número de ocorrência de raios por ano. No ranking nacional atual, Minas está na quarta colocação, com uma média anual de 1,05 milhão de descargas atmosféricas. O meteorologista do Instituto MGTempo, Ruibran dos Reis, explicou que esse número se deve à área geográfica de Minas, de mais de 586 mil km².

    As cidades que mais registraram ocorrências de raios, em 2009, foram Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Uberaba, no Triângulo Mineiro. Belo Horizonte registrou a incidência de 2.227 descargas elétricas. Elas são a principal causa de interrupções acidentais no abastecimento de energia. No ano passado, de acordo com a Cemig, foram registradas 103.864 interrupções no Estado.

    (Com informações de Priscila Robini/Portal Uai e Cemig. Editado por Elaine Resende)
    http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/03/10/brasil,i=178816/CEMIG+ALERTA+PARA+A+OCORRENCIA+DE+RAIOS+EM+MINAS.shtml

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