Saturday, October 2, 2010

Protecao de Mananciais e o caso do Córrego Urubu no DF

Texto1: Gerenciamento de Riscos Ambientais e a Política de Proteção dos Mananciais em São Paulo. Interfacehs Revista de Gestão Integrada de Saúde do Trabalho e Meio Ambiente. 2006

Verificou-se que em situações de risco ao abastecimento de água, como a “hipótese Tundisi” em SP, o uso de modelos de risco possibilita estabelecer cenários de risco (probabilidade x conseqüência) e de medidas para redução de conseqüências.

O estabelecimento de um modelo de risco orienta a escolha de prioridades para redução do risco e estimula política consorciadas entre atores da área pública, do terceiro setor e mesmo do campo empresarial. A ferramenta de análise de risco pode ser utilizada para orientar uma política pública que vise reduzir as probabilidades de ocorrência de eventos negativos, quais as medidas a serem adotadas caso estes ocorram, considerando especialmente a vulnerabilidade dos grupos expostos.

Texto2: Avaliação de Risco e Análise Multitemporal (1989-2009) e de Regime Pluvial das áreas Vulneráveis à Erosão na Microbacia do Córrego do Urubu, Lago Norte – DF, 2009,35p.

O estudo demonstrou que a aplicação da metodologia de avaliação de risco ambiental e de vulnerabilidade à erosão possibilitou identificar espacial e temporalmente as áreas que estão sob diferentes níveis de risco à erosão na microbacia do córrego Urubu.

A avaliação de risco ambiental determinou que a erosão é uma das principais ameaças presentes na microbacia do córrego do Urubu. Fazendo-se a intersecção das zonas possíveis de saturação com o grau de cobertura vegetal permitiu classificar as zonas de risco em níveis. O resultado obtido demonstrou que as áreas de vulnerabilidade à erosão aumentaram em 2009 comparando-se a 1989. Com a retirada da cobertura vegetal, os regimes mais intensos de chuva promovem um aumento das áreas vulneráveis e do risco de erosão. Este fato está diretamente ligado a urbanização da área. As falhas no sistema de controle de erosão podem também ser apontadas como causa desse aumento, merecendo ser melhor investigadas.

A urbanização altera a cobertura vegetal e o uso do solo, levando ao aumento da vulnerabilidade, dos riscos e ameaças. Um programa de gerenciamento de riscos, se faz necessário para evitar desastres como inundações e deslizamentos, tão comuns nos grandes centros urbanos brasilieiros.

Texto3: Análise de Vulnerabilidade Climática num Cenário de Crescimento Urbano na Microbacia do Córrego Urubu em 2019, Setor Habitacional Taquari – Trechos 2 e 3, Lago Norte – DF, 2010, 29p.


Na inserção da avaliação de risco sobre o projeto urbanístico do setor habitacional Taquari, pode-se identificar de forma precisa a distribuição das áreas de risco na área estudada a nível de lotes.

O EIA realizado em 1997 não traz qualquer informação sobre áreas de risco ou possível aumento do escoamento superficial, ou cheias no local. O Plano de Controle Ambiental realizado em 2006 evidenciou a preocupante situação de escoamento das águas e ressaltou que a capacidade de vazão dos córregos Urubu e Sagui estão praticamente no limite.

Verifica-se que pelos sérios riscos de erosão e enchentes em áreas a montante e a jusante da microbacia do córrego Urubu, a implantação deste setor habitacional, da maneira prevista no projeto ,será desastrosa.Comprometendo a infiltração de água, devido a elevação da impermeabilização do solo,o que levará a um aumento da velocidade de escoamento da água provocando erosão e enxurradas. Este fato compromete também as nascentes da microbacia, que serão afetadas pela redução da infiltração de água no solo.

Soluções para mitigar esse impacto tal como a adoção de bacias de detenção, neste caso são inviáveis, pois não há disponibilidade de área para implantação do numero necessário de bacias.As bacias de retencao em número insuficiente poderiam romper-se causando danos elevados nas área a jusante do córrego.

Conclusoes

Os estudos se complementam no sentido de demonstrar que as ferramentas de análise e gestão de risco podem e devem ser utilizadas complementar os Estudos de Impacto Impacto realizados para planejamento e expansão de áreas urbanas.

Existem dados e ferramentas disponíveis para avaliar os impactos causados pela criação do setor habitacional Taquari, trecho 1, bem como para estimar os impactos de sua expansão. Entretanto, os órgaos públicos do GDF responsáveis pelo tema, parecem não dar a devida importância aos riscos associados a elevação de vulnerabilidade dessa área.

A população desconhece os fatos e adquire os lotes sem nenhuma informação sobre como gerenciar os riscos do local. Dessa forma, cria-se um cenário para catástrofes ambientais como as que temos visto com constância na mídia.







5 comments:

  1. Brasília, 2 de outubro de 2010, 23h30, estamos a poucas horas de um “evento” que poderá mudar a vida de 190 milhões de pessoas.
    Brasília, 2 de outubro de 2010, 23h30, estamos a um ano luz de distância de conseguirmos fazer com que as ações mostradas por esses estudos se tornem práticas rotineiras em nossas cidades.
    Não dá pra, nessa data, não falar de eleição diante da situação de degradação que os estudos mostram. O que parece é que os eleitos têm muito haver com o processo erosivo.
    “Erosão é a destruição do solo e das rochas e seu transporte, em geral feito pela água da chuva, pelo vento (...). A erosão destrói as estruturas (areias, argilas, óxidos e húmus) que compõem o solo. Estas são transportadas para as partes mais baixas dos relevos e em geral vão assorear cursos d'água. A erosão destrói os solos e as águas e é um problema muito sério em todo o mundo. Devem ser adaptadas práticas de conservação de solo para minimizar o problema. Em solos cobertos por floresta a erosão é muito pequena e quase inexistente, mas é um processo natural sempre presente e importante para a formação dos relevos. O problema ocorre quando o homem destrói as florestas, para uso agrícola e deixa o solo exposto, porque a erosão torna-se severa, e pode levar a desertificação”(wikipedia.org).
    Os eleito, quando corruptos, assoreiam as possibilidades de mudança. Destroem as estruturas que compõem a gestão pública, a ética, a transparência, o patrimônio comum, a possibilidade de desenvolvimento da cidadania.
    Os estudos lidos mostram que muito se faz para combater a degradação ambiental. São muitas as organizações preocupadas com a preservação do meio ambiente, mas a velocidade com que as cidades avançam sobre as áreas que deveriam ser protegidas é tão maior que a da instalação de infraestrutura que muito se perde da natureza. Não dá tempo de atender às demandas do crescimento.
    E aí vem a parte realmente crítica da conclusão sobre esses estudos: cabe a cada um de nós a responsabilidade de salvar, não apenas o Córrego Urubu, mas todo o Planeta. Não dá pra fugir disso. Se eu não fizer a minha parte, você não fizer a sua, não existirá corrupto capaz de roubar mais do que nós roubamos de nós mesmos.

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  2. Como conclusão dos três artigos, observo mais uma vez a importância no uso de ferramentas existentes para se evitar conseqüências sérias para o campo ambiental, social e econômico. Como mencionado no texto de Cunha (2006), “É preciso conhecer as situações e construir alternativas para reduzir a vulnerabilidade, relacionando perigos a uma série de conseqüências possíveis”. Só então, a partir desse conhecimento, de se entender e perceber o “terreno em que está pisando” é que se torna possível minimizar impactos, uma vez que, em se tratando de investimentos, sejam estes de urbanização ou em qualquer dos campos que existam o risco ambiental, causar danos é praticamente inevitável.

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  3. A má gestão dos recursos hídricos no DF é um problema antigo e crônico, o qual não se vislumbra qualquer saída, de modo que a falta de água e outros problemas correlatos são iminentes. A ocupação desordenada do solo é certamente um dos maiores responsáveis por esse problema, uma vez que não leva em conta os riscos ambientais de tal ação, deixando vulneráveis tanto a população quanto os parcos recursos hídricos do qual dispomos. Alinha-se a isso, a possibilidade de se usar as águas do Paranoá para o abastecimento de água à população, o que imporia um cuidado maior com a sua bacia hidrográfica tanto no que diz respeito à preservação das nascentes e às matas ciliares quanto à possibilidade de floração desordenada de algas em virtude da poluição.

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  4. Postado por Hudson Rocha.

    A gestão urbana do Distrito Federal não anda em consonância com a gestão de meio ambiente. O processo de ocupação do Distrito Federal acontece, em sua maior parte, de forma desorganizada e precária. Observa-se que uso de água subterrânea no Distrito Federal apresentou um grande incremento nos últimos 15 anos em função do novo modelo de ocupação do solo adotado. A população do Distrito Federal está crescendo de forma que o seu espaço territorial encontra-se limitado para suprir as necessidades decorrentes do inchamento populacional. O Caso do assoreamento do Córrego Urubu decorrente do processo de ocupação do Setor Taquari não é o único no Distrito Federal, infelizmente. Podemos citar outro empreendimento semelhante, o Setor Habitacional Vicente Pires em que a ocupação se deu de forma desorganizada causando sério problemas para o meio ambiente.

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  5. O crescimento populacional desordenado e a ocupação irregular de áreas no Distrito Federal, vem causando danos severos aos recursos naturais, e diante desses acontecimentos, ocorreu um total descontrole no processo de degradação socioambiental, colocando em risco todo esse bioma e o patrimônio cultural da região.
    O grande crescimento das áreas de urbanização nas proximidades de mananciais podem levar a perda de qualidade da água do Lago Paranoá. Por isso, é de fundamental importância a realização de estudos para a avaliação dos riscos ambientais provenientes da urbanização descontrolada da Microbacia do Córrego Urubu (MCU). Estudos como o mapeamento de risco ambiental e a análise temporal e espacial de vulnerabilidade à erosão durante um período cíclico de 10 anos (1989 a 2009) para diferentes níveis pluviométricos.
    Os estudos de impacto ambiental na micro bacia não podem ser suficientes para determinar a conciliação entre empreendimentos e qualidade ambiental, mas a avaliação do fator risco pode colaborar nos estudos complementando-o em sua avaliação.
    No setor Taquari 1 foram realizadas análises de uso do solo e de sensibilidade à mudança do regime hídrico, onde os resultados foram esclarecedores, por exemplo, o solo apresentou maior vulnerabilidade à riscos de erosão, enxurradas. E em área com vegetação, ocorreu a regressão de tais riscos.
    Esse modelo de classificação de áreas de riscos deverá ser implantados nos trechos 2 e 3 do setor Taquari, prevendo-se assim riscos futuros.
    Observa-se que no projeto urbanístico existem vários tópicos a serem analisados, entre eles estão: avaliação de risco ambiental e áreas de estudos (árvores de eventos e de falhas), microbacia do córrego urubu, determinação de zonas de saturação, dados pluviométricos, transmissividade, relação entre área de contribuição à montante e declividade, determinação do NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) e método de cruzamento de dados (Álgebra de Mapas).
    O cenário de 2009 possui uma área de alta saturação do solo, já no modelo de previsibilidade de dados para obtenção de um possível cenário referente ao ano de 2019, mostrou claramente que as áreas de riscos aumentarão consideravelmente em relação ao cenário atual.
    Observa-se que ao cruzar as informações dessas duas zonas possíveis de saturação (1 a 5) com grau de cobertura vegetal (1-4) observou-se uma zona de risco em 8 níveis, sendo que 1 a 3 são considerados de baixo risco. Já a análise multi temporal permitiu para o Setor Habitacional Taquari, a observação de áreas vulneráveis ao risco de erosão, tendo tomado como base o ano de 1989.
    Diante dos estudos, recomenda-se a continuidade da avaliação de riscos e também a aplicação do modelo de mapa de vulnerabilidade para se obter informações sobre a recuperação das áreas degradadas, já que a implantação do setor habitacional do Taquari possui um cenário desastroso, onde infelizmente poderá ocorrer riscos de alagamentos e frequentes enchentes, trazendo grandes transtornos e prejuízos para a população local, fora o alto risco da perda dos mananciais e nascentes. Por essa razão é bom estar preparado para o aumento de ameaças e perigos que o crescimento desordenado pode ocasionar.

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