Tuesday, November 9, 2010

Quando a Sociedade de Risco encontra a Justiça Ambiental.

A Revolução Industrial ocorrida entre meados do século XVIII e início do século XIX transformou o mundo da época e continua tendo suas implicações atualmente sejam na forma de produzir, no estilo de vida ou na percepção que cada pessoa e que o coletivo têm do mundo.

Essa revolução juntou pessoas em espaços, de maneira geral, não projetados para acomodar tamanho fluxo migratório, as cidades. A forma de produzir, cada vez mais compartimentada refletiu na forma de construir as cidades ou na estruturação das grades curriculares das escolas, destinadas a formarem mão de obra para o mercado. Porém outros reflexos desse crescimento industrial não foram tão patentes ou mesmo nem propositais, como no caso das escolas, citado acima. É por exemplo a questão da percepção de risco.

A análise dos riscos existentes nas indústrias e empresas ganhou notoriedade e valor de percepção a partir do momento que a prevenção dos riscos permitiu maior lucratividade às empresas, seja por que a prevenção diminuiu o tempo que as máquinas ficam paradas, ou pelas indenizações e tempo que os funcionários não podiam trabalhar por conta dos acidentes.

Analisar ou gerenciar os riscos implica em extrapolar a situação atual e tentar prever onde e quando um acidente ou incidente que podem causar danos a indústria e a produção, através de análises da situação momentânea.

Com o desenvolvimento dos grandes meios de comunicação, facilitando o acesso à informação de um número cada vez maior de pessoas, fez-se conhecer as grandes belezas e tragédias da humanidade, como o caso das guerras e acidentes ambientais. Esse conhecimento da possibilidade de eventos com conseqüências negativas ocorrerem gera na sociedade e nos governos, a sensação, a percepção do risco, assim como com os funcionários das empresas citados anteriormente.

Esse contexto permitiu a Ulrich Beck definir a sociedade em que vivemos como uma sociedade de risco, onde os governos devem gerenciar os riscos aos quais a sociedade está sujeita, e mais, esses ricos já extrapolaram os limites locais ou nacionais e por isso Beck determina que a sociedade atual seja uma sociedade de risco vivendo em seu momento cosmopolita.

Os riscos atuais que os governos têm que se preocupar são os mais variados possíveis, como as ameaças de ataques terroristas, ataques nucleares, revoltas sociais e os problemas ambientais. E é nesse ponto que chegamos a outro tema muito importante e que entra em voga nas sociedades atuais, a justiça ambiental.

A percepção da importância da natureza faz com que a população de uma maneira geral comece se atentar aos problemas ambientais que até então passavam despercebidos, e essa percepção social implica em cobranças sobre os governos, que terão que gerenciar mais essa questão. Um dos problemas é que grande parte das pressões sobre as áreas naturais, principalmente aquelas no entorno das cidades, são ocasionadas pela população mais carente, exatamente aquelas que possuem menos defesas aos riscos. Como administrar os riscos gerados por essa percepção tardia de que os passivos e os problemas ambientais são jogados à custa da população mais carente?

Eis que temos mais um risco que deve ser gerenciado por essa sociedade que começa a ter a percepção dos riscos aos quais está imersa.

1 comment:

  1. Que a nossa sociedade seja cosmopolita no sentido de compartilhar soluções e práticas sustentáveis de produção de bens e não no sentido de distribuir os riscos aos menos favorecidos e mais vulneráveis. Que o governo do Brasil amadureça sua forma de gerenciar as questões ambientais tornando suas decisões mais responsáveis e transparentes e que o povo saiba exigir seus direitos, mas saiba, antes de tudo, assumir suas responsabilidades ambientais, principalmente.

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